quarta-feira, abril 29, 2009

No apagar das luzes

Passei todo o dia pensando o que poderia escrever. Tive muitas idéias, mas não as pus no papel como de costume para posteriormente postá-las aqui.

Mas porque eu dei esse título mesmo? Ah sim, hoje um ciclo mais um ciclo da minha vida chegou ao fim. Meu contrato com a Assembléia Legislativa do RJ chegou ao fim e um novo caminho tenho pela frente. Parece que foi ontem que eu chegava para a entrevista e me assentara com vinte outros colegas de um lado e um cara gordo do outro, o qual passei a ter profunda admiração. Este perguntava a mim "porque ele deveria me contratar?"
Minha resposta mediante a todos os outros foi simples, eu o disse "porque eu sou bom!" E ele me diria mais tarde que eu sabia me "vender", e que isso seria importante pro meu futuro.
Foram bons os momentos que passei por lá, aprendi a ser tolerante, a ficar quieto quando necessário e a falar também. Pude crescer como pessoa, e como profissional também.
Olho-me neste momento como se estivesse realmente descendo numa estação de trem para embarcar em outra brevemente.
Boas lembranças que serão eternas na minha memória.
Nâo fico triste, mas antes, no apagar as luzes, olho pela última vez o salão, reparo no enorme corredor percorrido milhares de vezes em dois anos e reconheço que o que andei até aqui, foi apenas o aquecimento daquilo que ainda esta por vir.
Obrigado Tiradentes, obrigado colegas de trabalho, obrigado Palácio, obrigado Fábio (in memorian) pela única oportunidade!

domingo, abril 26, 2009

Definitivo-Drummond

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável,um tempo feliz. Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!!! A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento,perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional...

terça-feira, abril 21, 2009

"Há pessoas que nos roubam...
há pessoas que nos devolvem."

Ao ler essa frase ele ficou parado observando se tinha algo mais. Perturbado e incosolável foi até o seu lugar de refúgio, o qual estava afastado há muito tempo, deu as costas para o mundo e contemplava o mundo. Questionava-se na presença da natureza que o rodeava com gritante beleza.

Era uma frase que falava de relações, de amizade, de conquista, de amor, de ser...
Assim como as expressões do seu rosto, a pedra ainda encontrava-se fria do sereno, o rosto sereno, mas os sol trataria de aquecer ambas as faces.

Seus pensamentos por um beijo! Alguém diria. E com o rosto não tão mais gélido, responderia a si próprio; questionando-se.
"Dos relacionamentos que você já teve, quais foram as ocasiões em que verdadeiramente você foi modificado?" - silêncio....

"Será que você é a lembrança doida na vida de alguém? Será que já construiu cativeiros? Ou será que já viveu em algum?" - Lábios ainda sem expressão.

Ele continuava: "Será que você já idealizou demais as situações, as pessoas e por isso perdeu a oportunidade de encontrar as situações e as pessoas certas?"

Pra que se perguntar essas coisas - ele se diz.

"Não sei! Mas sejam quais forem as respostas, não tenho medo delas. Perguntar-se é uma maneira interessante de se descobrir como pessoa, pois as perguntas são pontes que nos favorecem travessias."

E em cima da pedra de fronte ao horizonte, Ele se responde:
"Alguém me roubou de mim
Alguém que eu não sei dizer
Alguém me levou daqui.
Alguém,... esse nome estranho.
Alguém que não vi chegar
Alguém que não vi partir
Alguém, que se alguém encontrar,
Recomende que me devolva a mim."

quarta-feira, abril 15, 2009

Algumas árvores já floriram,...

Podia dizer-te que me fazes falta.
Podia contar-te como as minhas mãos me contam dos seus gestos suspensos, porque tu não estás para acabar o verso.
Podia falar-te da vontade de desenhar reticências de chuva, com os silêncios que me escorrem dos olhos.
Podia dançar-te, num murmúrio de voz que te envolvesse em aromas de pomares, de tulipas e de afetos.
Podia voltar a dizer-te que me fazes falta no beijo há tanto tempo adiado, que trouxesse tudo com ele... o mar, as ondas, as gaivotas, as conchas, a vontade de ficar, o teu perfume que ainda guardo, invencível, na memória da minha pele.
...
Mas eu calo-me. Espero que tu saibas. Espero que tu sintas tudo o que te poderia dizer em cada momento que deixo por aí, livre, entregue ao som do vento, que insisto em oferecer diluído em abraços. Como toque de areia fina. Como toque de acaso encantado.
Espero que tu saibas. Espero que tu sintas.
....
É que algumas árvores já floriram,...

domingo, abril 12, 2009

Manhã de Páscoa

1 Depois do sábado, tendo começado o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro. 2 E eis que sobreveio um grande terremoto, pois um anjo do Senhor desceu dos céus e, chegando ao sepulcro, rolou a pedra da entrada e assentou-se sobre ela. 3 Sua aparência era como um relâmpago, e suas vestes eram brancas como a neve. 4 Os guardas tremeram de medo e ficaram como mortos. 5 O anjo disse às mulheres: “Não tenham medo! Sei que vocês estão procurando Jesus, que foi crucificado. 6 Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito. Venham ver o lugar onde ele jazia. 7 Vão depressa e digam aos discípulos dele: Ele ressuscitou dentre os mortos e está indo adiante de vocês para a Galiléia. Lá vocês o verão. Notem que eu já os avisei”. [Mateus 28. 1-7]
Diante desse relato, passei toda a semana meditando em que escrever numa manhã de páscoa. E cheguei a seguinte conclusão: "Aonde nos perdemos do verdadeiro sentido da Páscoa"?
Tudo bem que para os judeus ela significa libertação, saída do cativeiro e fuga do Egito; para os cristãos é a celebração da ressurreição de Cristo- o que não nos deixa de pensar também da libertação do pecado e pagamento de dívida com a morte eterna.
Mas nesses dois universos - principalmente quando falamos de Brasil - o chocolate, o coelho, as discussões nos jornais sobre o preço do peixe e as "brigas" de que se deve ou não comer peixe na sexta-feira "santa", sobrepoem-se à reflexão de que uma pessoa inocente morreu por todos nós para nos livrar de um castigo eterno.
Ah, outra coisa...Parei para assistir à alguns filmes na sexta-feira e fiquei bestificado com a quantidade de filmes que ao invés de tentar reproduzir um momento...digamos sagrado, ou santo - assim como diz a semana - quase todos que vi, questionavam a divindade do próprio "Filho de Deus", ou então apimentavam a sua dúbio relação com Maria Madalena, ou ainda a sua amizade quase que simbiótica com Judas e a vontade deste de formar um exército para acabar com os romanos.
Onde foram parar as programações que falavam de Vida, Ressurreição, Esperança, Amor?
Onde estão as famílias que se reuniam em torno da mesa para se confraternizarem e abençoarem-se mutuamente? Acabaram? O que vi eram alguns bares cheios com pessoas bebendo até o seu fechamento e no final da madrugada, ou início do domingo, diziam-se "feliz páscoa!" Com troca de que mesmo??? Chocolate!
Aff, bem se seguíssemos a risca o simbolismo criado pela igreja há alguns séculos atrás, tudo bem, mas não é o que aconteceu, e por isso a minha pergunta continua sem resposta "Aonde nos perdemos do verdadeiro sentido da Páscoa"?
Assim como o meu amigo Fabiano (lá do Banalidades Indispensáveis) me desejou, também desejo a todos uma "boa páscoa! (aquela páscoa Divina, na qual o protagonista é lembrado pelo amor e misericórdia...) Ressurreição e Vida!

terça-feira, abril 07, 2009

POUSA O SILÊNCIO DAS PALAVRAS SOBRE A ÁGUA...

Dizes-me que escutas o silêncio das palavras.
Eu sorrio-te.
E na mão que te estendo, poderia colocar letras.
Todas maiúsculas.
Para que as ouvisses dançar
quando lambo a tua pele
e dela faço o meu poema.

Mas sorrio-te, apenas.
E olho-te.
Não com um olhar fugido de quem receia
o encanto de ser encantado...
Mas com olhos de água.
E agora, diz-me...
escutas o silêncio do sal na água?
Ouve.
Ouve bem.
O que te diz?
Conta-me... sem pressa.

O início de um mundo
é apenas o sopro de um nome, sabias?
Murmura o meu...
Ou geme-o.
Ou grita-o.

Pousa o silêncio das palavras sobre a água...
E ousa ser o canto da minha primeira madrugada.

sexta-feira, abril 03, 2009

Sem a tal da modéstia!

Quem sou eu? Nem sei, devo ser apenas uma pessoa qualquer.
Sou um dos filhos mais amado; dos sobrinhos, o mais respeitado; dos netos sou o preferido; dos meus amigos, sou o mais querido, sou o elo que nos une, apaziguador das brigas, a cabeça pensante, não sou uma "liga", mas "a liga", "o elo" . Sem mim todos nós estaríamos divididos.
Sou admirado por todo mundo, mesmo sendo isso muita gente. Mas também devo ser odiado por alguns. Por isso lhe digo.... Cuidado!
Se és meu amigo, conhece a ternura em pessoa, mas sendo meu inimigo, ou desafeto, ganhará a antipatia daqueles que me cercam.
Não me queiram mal, pois o mundo desabará sobre você. Não me façam sofrer por motivo algum, pois o desprezo e a cólera dos que me rodeiam, o acompanhará pelo resto de sua vida.
Sei que isso não é bom, mas não foi eu que escolhi.
Não estou no "Big Brother", nem em "1984" do George Orwell , muito menos sou protagonista de "Truman o Show da Vida", mas sou assistido 24 horas por dia por várias pessoas e em suas histórias muitas vezes apareço como protagonista roubando-lhes a cena principal.
Não me considero sábio, ou inteligente, mas há quem goste de ouvir os meus conselhos e cativo o coração daqueles que me escutam.
Odeio programas "in door" pois me dão a sensação de estar preso a alguma jaula - não sou nenhum ser exótico para servir de amostra, por isso prefiro a liberdade das ruas, das praias, montanhas, oceanos, a correnteza dos rios, a beleza dos astros, o vento no rosto, a paisagem não vista da janela.
Mantenho próximo os que me amam, e deixo mais próximo ainda os que me odeiam. Pago pra não entrar numa briga, mas se entrar... pago 10 vezes mais o valor para não sair.
Quem sou eu? Apenas eu! Tramito entre a tênue linha da loucura e lucidez. Sou mais louco do que lúcido, sei que ainda não possuo poderes, ainda que os deseje; ainda não sou poderoso, ainda que pareça, mas em algum momento os terei!
Quem é você???
Não sei! Poderia ser uma pessoa qualquer, mas não sou.
"Se um dia contarem a minha historia, que digam... Que andei com gigantes. Homens se levantam e caem como o trigo do inverno."

quarta-feira, abril 01, 2009

Prólogo do próximo post

Ter verdadeiro sucesso na vida é: rir muito e muitas vezes; ganhar o respeito de pessoas inteligentes; gozar do carinho de meninos e meninas; ganhar o reconhecimento de pessoas qualificadas e saber suportar a traição de falsos amigos; apreciar a beleza; procurar o melhor nos demais; deixar o mundo um pouco melhor de como o encontraste - com um filho são, um jardim bonito ou uma pessoa mais feliz; saber que ao menos alguém viveu melhor graças a ti.