Eu sempre acreditei que a ignorância em algumas pessoas é uma verdadeira maravilha, uma benção, e realmente ela é!
Não digo a ignorancia ocasionada pela falta de inteligência, ou instrução, mas sim aquela que fazemos questão de ignorar, não ter conhecimento de algo, ou ainda, aquela ignorância que não entendemos.
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Porque afirma isso? Você pode me perguntar. E eu respondo que é muito simples.
Eu sempre quis saber de muitas coisas, o que pode ter me feito um pouco intrometido, conhecer um pouco disso, um pouco daquilo, sempre foi fascinante pra mim. Contudo, observei que foi a vontade de adquirir informações que levou Adão e sua mulher Eva a condenarem toda a humanidade. Tornamo-nos assim, seres limitados, incompletos, mortais.
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Ah, ignorância, ela sim nos faz completos. Clarice Lispector a expôe extrema maestria quando simplemente diz:
"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."
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Pois é, veio-me a inquietação e procurei entender o que não entendia. Queria enxergar com clareza aquilo qua ainda estava embaçado e depois de muito queimar meus neurônios, acredito que consegui. Compreendi pouco, bem pouco, mas assim como o pequeno pedaço da tal fruta da árvore do conhecimento bastou para limitar a humanidade, a minha pequena e pouca compreensão foi suficiente pra me tornar incompleto e limitado, não digo amaldiçoado, pois não o sou, mas apenas um mortal, sim um mortal!!!
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Com isso volto a afirmar, a ignorância é uma verdadeira benção!
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"Somente com o coração podemos ver com clareza" dizia Antoine de saint exupéry
1 Comenta aí po!:
Erasmo de Roterdan - Elogio da Loucura.
Gil Vicente - Auto da Barca do Inferno.
Tirando as citações biblicas (rs) o texto é ótimo e mostra que as vezes nem sempre precisamos saber tudo sobre qualquer coisa, mas sim sermos ignorantes até certo ponto...mesmo que seja uma grande mentira.
Seguindo aquela premissa do "quem fala pouco, pouco erra" pode ser encarada como temática principal de acordo com meu ponto de vista...
Erasmo não condena sem seu "elogio" , tão pouco Gil em seu "auto"... então porque nós, reles mortais condenariamos ???
beijão negão ! By Guilherme Fernandes
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